sábado, 28 de novembro de 2015

Eu sou a Universal!


Quem já não viu aqueles comerciais de televisão da IURD nos quais aparecem empresários bem-sucedidos, testemunhando como saíram do fracasso e passaram a experimentar sucesso total depois de conhecerem a denominação do Bispo? E terminam sempre com o mesmo slogan: “Eu sou a Universal”.
Eu gostaria muito que um dia a IURD selecionasse para atuar em uma peça publicitária um de seus membros que não conta a mesma história. A fala seria mais ou menos assim:

“Eu sou o Zé das Couves, trabalho de sol a sol para sustentar três filhos. Enfrento metrô lotado todos os dias, além de ter que suportar as azucrinações do meu patrão o dia inteiro. Minha esposa está doente. Daqui a cinco dias vence o meu aluguel. Eu não sou super-herói, conheço todas as limitações e sofrimentos que fazem de mim um ser humano comum em um país cheio de desigualdades. Eu sou a Universal!”.

Eu estava um dia em uma padaria de Itaperuna discutindo sobre esse marketing fabuloso da teologia da prosperidade, usado pelas igrejas neopentecostais. Então, um senhor, que aparentava ser de classe bastante humilde, se aproximou, interrompendo a conversa, e disse: “Eu concordo com tudo o que é feito pela Igreja Universal. Porque Deus não quer ninguém pobre. Quanto mais a gente dá o nosso dinheiro pra igreja, mais Deus dá benção pra gente. Abrão era rico e Moisés também”.
Naquele instante, lembrei-me de um pensamento de Pondé: “A Teologia da Libertação escolheu os pobres. Mas os pobres escolheram a Teologia da Prosperidade”[1].  




[1] PONDÉ, Luiz Felipe. Para entender o catolicismo hoje. São Paulo: Benvirá, 2011.