segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Sobre a Mania de "Bater" em Pentecostal


Respeito o trabalho de pastores como Renato Vargens (Igreja Cristã da Aliança) e Paulo Junior (Igreja Aliança do Calvário), que fazem uma apologia muito séria e coerente do evangelho bíblico em face de práticas e ensinamentos enganosos. 

Mas tem surgido uma turma de "teoblogueiros", gente que leu um livro de John Piper e assistiu a dois vídeos do Paul Washer e que, por isso, pensa ser a última bolacha do pacote e a mais alta expressão da teologia brasileira, além de arrogar a si o direito de "bater" em pentecostal por esporte e diversão. É uma turma que faz críticas ao pentecostalismo de modo frio, jocoso, reducionista e desproposital. 

Acredito que o que lhes falta é:

1. Saber que o movimento pentecostal é dinâmico e plural. O termo usado pelos cientistas da religião, inclusive, é "pentecostalismos brasileiros", de tão múltiplas que são as expressões do pentecostalismo no Brasil. Sendo assim, não se pode colocar as igrejas pentecostais no mesmo saco. Há igreja pentecostal que tem hinos orquestrados na liturgia, com direito a piano. Já em uma outra o povo canta ao som do pandeiro. Tem aquela onde o pregador grita o tempo todo e pede dinheiro ao final do sermão. E tem a outra, cujos pregadores são agradáveis, eloquentes e profundos expositores das Escrituras. Tudo vai depender do contexto social e cultural de onde determinada igreja está inserida, além da orientação teológica e da ética de cada líder.

2. Saber que muitas igrejas pentecostais prestam um serviço relevante à sociedade através de projetos notáveis. Se soubessem isso, não diriam por aí que "igreja pentecostal só serve para arrancar dinheiro dos trouxas e incomodar a vizinhança com barulho insuportável".

3. Saber que há muita gente que encontra em igrejas pentecostais a base de sustentação e sentido existencial. Gente sofrida e maltratada que em cultos pentecostais sentiu conforto, alívio e esperança. Gente que, por vários fatores, as igrejas históricas não conseguem alcançar. Se soubessem isso pensariam duas vezes antes de dizer que "pentecostal só está atrás de entretenimento religioso e espetáculos miraculosos". 

4. Saber que há muitos líderes sérios em igrejas pentecostais, que estudam a Palavra de Deus exaustivamente, que pregam com responsabilidade o conteúdo do Evangelho, que não ganham dinheiro vendendo falsas esperanças e soluções imediatas aso fiéis. Se soubessem isso não diriam que "os pastores pentecostais só pensam em dinheiro".

5. Saber que muitos pentecostais estão ocupando as carteiras de salas de aula em seminários e faculdades teológicas, consumindo bons livros, inclusive de autores reformados. Há pentecostal analfabeto e há pentecostal com mestrado e doutorado. Se soubessem isso, evitariam frases reducionistas e generalizantes, como "o pentecostal é ignorante teológica e culturalmente".


É inegável que o evangelicalismo brasileiro precisa de pastores e pensadores cristãos que ensinem o Evangelho correta e integralmente e alertem as pessoas acerca dos falsos mestres. Mas esse ministério docente, crítico e apologético deve feito de modo ético, amoroso, pacífico e bem fundamentado, sem arrogância teológica, sem generalizações, sem piadinhas com a fé alheia.