Quem já não viu aqueles comerciais de televisão da IURD nos quais
aparecem empresários bem-sucedidos, testemunhando como saíram do fracasso e
passaram a experimentar sucesso total depois de conhecerem a denominação do
Bispo? E terminam sempre com o mesmo slogan:
“Eu sou a Universal”.
Eu gostaria muito que um dia a IURD selecionasse para atuar em uma peça
publicitária um de seus membros que não conta a mesma história. A fala seria
mais ou menos assim:
“Eu
sou o Zé das Couves, trabalho de sol a sol para sustentar três filhos. Enfrento
metrô lotado todos os dias, além de ter que suportar as azucrinações do meu
patrão o dia inteiro. Minha esposa está doente. Daqui a cinco dias vence o meu
aluguel. Eu não sou super-herói, conheço todas as limitações e sofrimentos que
fazem de mim um ser humano comum em um país cheio de desigualdades. Eu sou a
Universal!”.
Eu estava um dia em uma padaria de Itaperuna discutindo sobre esse marketing fabuloso da teologia da
prosperidade, usado pelas igrejas neopentecostais. Então, um senhor, que
aparentava ser de classe bastante humilde, se aproximou, interrompendo a
conversa, e disse: “Eu concordo com tudo o que é feito pela Igreja Universal.
Porque Deus não quer ninguém pobre. Quanto mais a gente dá o nosso dinheiro pra igreja, mais Deus dá benção pra gente. Abrão era rico e Moisés
também”.
Naquele instante, lembrei-me de um pensamento de Pondé: “A Teologia da
Libertação escolheu os pobres. Mas os pobres escolheram a Teologia da
Prosperidade”[1].
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