Seria
uma tarefa difícil, para não dizer impossível falar de vivência cristã sem mencionar
a fé, tendo em vista que o cristianismo tem como fundamento a fé em Jesus.
Sendo assim, é sobre a fé que gostaria de falar aqui. Entretanto, não me refiro
àquela fé que é potencializada de “dentro para fora”. Mas alguém pode
perguntar: o que é uma fé de “dentro para fora”? É um tipo de fé baseada no “eu
tenho que fazer”: tenho que orar, tenho que jejuar, tenho que consagrar para
ter mais fé. Não trato dessa fé aqui. Quero falar de uma fé que é potencializada de “fora
para dentro”. Mais uma vez alguém pode questionar: o que é uma fé de “fora para
dentro”? É um tipo de fé que surge a partir dos desafios e problemas da vida
cotidiana e que me levam a querer “ser”, “conviver” e “agir”.
Quase
sempre pensamos a fé como algo que move a Deus. Não! Fé não move a Deus! Fé
move a mim mesmo e me leva a “ser”. Mas “ser” o que? Diante dos desafios do
nosso tempo é ser alguém comprometido com a justiça, com os problemas da
cidade. É ter consciência que problemas como violência doméstica, injustiça,
discriminação dizem respeito a nós e como cidadãs e cidadãos podemos sim, ajudar no enfrentamento desses problemas. Portanto, a fé me leva a ser!
Uma
fé baseada no individualismo, num primeiro momento pode parecer forte, mas no
fundo ela é fraca por ser egoísta. Quando alguém enche o peito e brada num alto
e bom som: “Eu recebo”, “eu tomo posse”, pode parecer um “super-crente” para
usar a expressão de certo teólogo. Entretanto ele é fraco, pois sua oração vai
na contramão daquilo que Jesus disse “Venha a nós o teu Reino”. Nesse contexto,
a fé é potencializada num ambiente comunitário; ela se solidifica na
convivência. Entretanto, essa convivência não é apenas num templo religioso, ou
seja, com os que são “de dentro”. Temos que ter a coragem de estabelecer pontos
de contato com os que são “de fora”: as crianças órfãs e abandonadas, os
adolescentes em situação de risco social (você sabia que é alto os indicies de depressão e suicídio entre adolescentes?) e todos aqueles que vivem “a beira do precipício
“existencial”.
E
por fim, a fé me leva a ação. Você não precisa ser um vereador ou deputado
evangélico para agir ou defender os princípios do Reino de Deus (aliás, Deus
não precisa de defensores ou apologistas, mas essa é uma outra história). A
igreja, enquanto corpo nunca precisou de representantes no parlamento. John
Wesley, o fundador do metodismo disse uma frase que ficaria famosa no decorrer
dos anos: “O mundo é a minha paróquia”. Parafraseando Wesley podemos dizer
hoje: “A minha cidade é a minha paróquia”. Desse modo, os problemas de nossa
cidade como injustiça, fome, violência, podem ser combatidos mediante a nossa atuação,
pois são esses elementos que potencializam a nossa fé e nos move a agir.
Osiel Lourenço
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